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25 março 2011

Visitar o Convento de Santa Ana da Ordem do Carmo - Colares

O Convento de Santa Ana da Ordem do Carmo, localizado na Freguesia de Colares, é um interessante exemplar de arquitectura maneirista da primeira metade do século XVII e de decoração já de carácter barroco.
O Convento apresenta os alçados do claustro constituídos por três arcos de volta perfeita que assentam sobre quatro colunas, duas das quais, as dos extremos, aparecem adossadas aos pilares de esquina.
Do primeiro claustro alcança-se a Capela da Sacravia, maneirista, de vincado gosto italianizante, de abóbada de berço com caixotões rematada, na parede testeira, por um altar decorado com volutas que lembram as das igrejas jesuíticas. As suas paredes são totalmente forradas com azulejos de dois tipos: de "caixilho singelo" (branco e azul) e de "jóias" (amarelo e azul sobre fundo branco).
Fronteira à Capela da Sacravia, localiza-se a sacristia, sala ampla e bem iluminada, de abóbada de berço, onde existem ainda o móvel onde outrora os frades guardaram os paramentos — de que fazem parte quatro tábuas pintadas com a representação de Santa Ana, São Joaquim, São Francisco e Santo António, tendo ao centro, num nicho semi-circular, uma escultura de São Pedro — e um conjunto de pintura sobre madeira, do século XVII, com cenas da vida de santos, sobre um cadeiral. Nas paredes dos topos, duas telas figuram Nossa Senhora com o Menino Jesus e dois frades (parede testeira) e um Presépio.
O segundo claustro é um típico claustro maneirista de dois pisos — de alçados tripartidos por dois contrafortes entre os quais se inscrevem dois arcos redondos sustentados por uma coluna de vulto pleno e duas embutidas (piso térreo), e janelas de varanda que se abrem entre os contrafortes e que formam a galeria superior que dá para as celas. Uma fonte redonda ao centro e o jardim que em tempos existiu, voltam a confirmar a feição mediterrânica destes claustros que quase se comportam como "pátios".
Numa das galerias do claustro maior situa-se a Capela de São Pedro, com um magnífico altar de talha dourada e forrada, até aproximadamente a meia altura das paredes, por painéis de azulejos de pintura azul figurando a aparição de Nossa Senhora a um monge carmelita vendo-se, ao fundo, uma igreja em construção que poderá representar, porque se não parece, uma alegoria à edificação do cenóbio do Carmo de Colares. Estes azulejos foram datados dos primeiros anos do século XVIII.
É na galeria superior que se situa a cela de Frei Estêvão da Purificação, transformada em capela dedicada a Nossa Senhora.
A igreja conventual, com acesso interior pelo corredor da Sacravia que desemboca no claustro grande e exterior pela fachada principal, é um templo de nave única, com uma profunda capela-mor e duas capelas laterais que formam um falso transepto. Trata-se, na prática, de uma igreja em cruz latina, com abóbada de berço, que concretiza uma tipologia característica da arquitectura da ordem carmelita, diferente, todavia, dos templos dos carmelitas descalços e na circunstância de um cenóbio rural. Mas a própria fachada, embora tardia e exibindo já os valores decorativos barrocos, mantém, na empena triangular e nas três janelas em que a central é mais elevada, esta influência. O programa estilístico, todavia, é percorrido por valores maneiristas - repare-se, por exemplo, nas pilastras toscanas das capelas laterais e na cimalha que percorre toda a nave.
Na capela-mor, o retábulo barroco de trono sob um arco perfeito, tem ao centro as esculturas de Nossa Senhora do Carmo com o Menino Jesus ladeados de Santa Ana e São Joaquim e, num plano mais elevado, entre colunas de capitéis coríntios, as estátuas de Santo Elias e de Santo Elíseo.

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